A curiosidade intelectual de Burr por fragrâncias e aromas o levou da história da China, à ciência do olfato e, mais recentemente, à gastronomia.
Chandler Burr pretende fazer para o perfume o que tem sido feito para a fotografia nos últimos 30 anos: confirmar seu status como arte legítima. Para este propósito, ele montou e tornou-se diretor e curador do Centro de Arte Olfativa no Museu de Artes e Design de Nova York. A arte da fragrância permite a criação original no verdadeiro sentido das palavras.
A curiosidade intelectual de Burr por fragrancias e aromas o levou da história da China, à ciência do olfato e, mais recentemente, à Gastronomia.
Nos últimos anos, ele vem trabalhando com mestres da culinária internacional para compor jantares de perfume, misturando duas formas de arte para o benefício criativo de ambos.
Scent Dinners
Os Jantares de Perfume são a combinação de um jantar requintado com uma estimulante aula interativa sobre perfumes e fragrâncias. Podemos dizer que são dois jantares paralelos, um olfativo e invisível, o outro gustativo e comestível. Estes jantares são uma verdadeira experiência.
Burr os cria ao redor do mundo em colaboração com renomados chefs Vito Mollica, Chef Executivo do Four Seasons Florence; Paul Liebrandt para Samuel Benne na Lapérouse em Paris; Jimmy Sakatos do Carlyle Hotel; Lawrence Klang, de Natalie, em Camden; Fabio Trabocchi do Four Seasons Restaurant em Nova York e Fabrice Guisset de Las Venetanas em Cabo.
Para o seu jantar olfativo, os convidados desfrutam de matérias primas de perfumaria de qualidade profissional, como - essências e absolutos de hortelã francesa, cacau brasileiro, pimenta rosa peruana, açafrão indiano - e os grandes perfumes culinários que começam com a Guerlain 1925 Shalimar (cujo coração é baunilha), Angel (sua principal molécula é o etil maltol, a molécula que você experimenta quando se come algodão doce), o Black Orchid de Tom Ford (com um absoluto rum sujo) e o novo chocolate Missoni floral.
Como funciona o jantar?
São passadas essas matérias-primas e perfumes em papeis borrões (papel que experimentamos perfumes), interagindo ao longo da noite com convidados, levando-os para os bastidores da indústria do perfume e sua história. Impressões pessoais para o mesmo perfume rapidamente abrem conversas descontraídas que unem o grupo. Os convidados aprendem um sobre o outro à medida que aprendem sobre a fragrância. Na sequencia da apresentação de cada perfume o Chef convidado solta os pratos com as receitas que ele criou e que incluem tanto os elementos formadores do perfume como o resultado final dele.
Para entender melhor: Chandler Burr mostra os papeis (um a um) com cheiros de cenoura, zimbro, cassis e pêssego e que formaram o perfume Jardin sur le Nil da Hermes. Nessas demonstrações ele tenta obter dos convidados quais são estes elementos antes de dizer quais são. Para o prato gastronômico, o Chef manda um Sorbet de casca de manga verde, purê de cenoura, esfera de cassis e uma calda de zimbro.
Certamente, a pura representação do perfume no prato.
E por aí vai apresentando perfume a perfume, prato a prato... Menthe Fraiche by Heeley tem como representação no prato de Caipirinhas de cachaça (uma de hortelã e outra de menta) acompanhadas dum stick de mandioca com casca ralada de limão. Para a L’eau de Tarocco by Diptyque um Pirarucu marinado com raspa de limão tahiti e mexerica cravo servido com gomos de mexerica cravo marinado em infusão de gengibre e caviar de Piranha.
Ao longo do caminho, sente-se ainda o cheiro do Jasmine Egypt, que tinha um sopro de axila; Eugenol, cujo cheiro lembra o consultório de um dentista; uma rosa metálica em óxido de rosa; e a tão famosa mirra. "Os três homens sábios trouxeram para Jesus", lembra-nos Burr, sublinhando o peso histórico por trás da fragrância que é mais uma garantia para sua missão de representar perfume como design e perfume como arte.
"Isso não é interessante, os magos deram a Jesus, ouro , mirra e incenso - dinheiro - e - perfume -."
Comments